Na penumbra de um quarto gelado em Paris, iluminado apenas por uma vela cansada, uma menina de 13 anos desafiava o mundo em silêncio. Sob cobertores, tremendo de frio e medo, ela devorava equações proibidas - como quem rouba fogo dos deuses. Seus pais, aflitos com aquela “obsessão insana”, confiscavam velas e livros para impedi-la de estudar à noite. Mas Sophie, teimosa e implacável, derretia gordura de lâmpadas para fabricar novas velas e continuava. Sempre. Chamava-se Marie-Sophie Germain, nascida em 1º de abril de 1776, no coração de uma era que parecia conspirar contra ela. O século XVIII francês era um caldeirão de contrastes: enquanto as ruas de Paris ferviam com os ecos da Revolução Francesa - guilhotinas erguidas em 1789, o reinado do Terror em 1793, quando cabeças rolavam e a Bastilha caía em chamas -, Sophie travava sua própria revolução, silenciosa e interna. Isolada em casa para escapar do caos sangrento das ruas, ela mergulhava nos livros da biblioteca paterna,...
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