Jon Brower Minnoch – O Homem mais pesado da história


 

Jon Brower Minnoch, frequentemente referido como o homem mais pesado já registrado na história médica, nasceu em 29 de setembro de 1941, em Seattle, Washington, nos Estados Unidos, filho único de John Minnoch e June Brower.

Apesar de sua condição de obesidade extrema desde a infância, Minnoch levou uma vida surpreendentemente ativa por muitos anos, o que torna sua história ainda mais trágica e fascinante.

Aos 12 anos, o peso de Minnoch já era alarmante: cerca de 133 kg, muito acima da média para uma criança de sua idade. Essa obesidade precoce não o impediu de frequentar a escola regularmente - ele se formou no ensino médio em Bothell High School - e de participar de atividades normais, como brincar com amigos.

No entanto, à medida que crescia, o ganho de peso acelerava: aos 22 anos, ele pesava 178 kg, e por volta dos 25 anos, já ultrapassava os 317 kg. Especialistas atribuem isso a uma combinação de fatores genéticos, distúrbios endócrinos (como problemas tireoidianos e retenção extrema de líquidos, conhecida como edema), dieta inadequada e estilo de vida sedentário.

Embora não haja evidências de um distúrbio mental que o levasse a comer objetos não comestíveis, como plástico - isso parece ser uma distorção ou confusão com outros casos de compulsão alimentar extrema.

Apesar dos desafios físicos, Minnoch construiu uma vida familiar e profissional notável. Em 1963, aos 21 anos, casou-se com Jeannette McArdle, uma jovem de 18 anos que pesava apenas 50 kg.

Esse casamento quebrou um recorde do Guinness: a maior diferença de peso entre um casal (cerca de 580 kg na época), um feito que permanece invicto até hoje. Juntos, eles tiveram dois filhos, John e Jason, e fundaram a Bainbridge Island Taxi Co., a primeira e única empresa de táxi da ilha onde moravam, perto de Seattle.

Minnoch inclusive dirigia os veículos, adaptando-os à sua condição, e era descrito por vizinhos como uma pessoa amigável e prestativa. O ponto crítico veio em março de 1978, quando Minnoch, aos 36 anos, sofreu um colapso cardíaco e não conseguia mais se mover sozinho.

Seu peso estimado era de impressionantes 635 kg, embora alguns médicos, como o endocrinologista Robert Schwartz, sugiram que pudesse ser até 300 kg a mais, tornando-o o ser humano mais pesado já documentado.

Para transportá-lo ao University of Washington Medical Center, em Seattle, foi necessário remover uma janela de sua casa e mobilizar 13 bombeiros e paramédicos, que usaram uma maca reforçada para rolá-lo com cuidado.

No hospital, ele foi colocado em uma dieta rigorosa de 1.200 calorias por dia (cerca de 5.000 kJ), supervisionada por uma equipe de 20 profissionais de saúde.

Durante 16 meses de internação, Minnoch perdeu cerca de 419 kg - a maior perda de peso documentada em uma pessoa viva até então -, chegando a 216 kg. Esse período incluiu diálise para drenar o excesso de fluidos (ele perdia de 5 a 7 kg por semana só de água retida) e tratamentos para complicações como diabetes, problemas cardíacos e respiratórios.

Liberado em outubro de 1979, Minnoch voltou para casa com otimismo, mas o alívio foi temporário. Em outubro de 1981, ele foi readmitido, tendo recuperado 432 kg em apenas um ano - um ganho chocante de 91 kg em uma única semana, possivelmente devido ao efeito rebote metabólico e à dificuldade de manter a dieta fora do hospital.

Seu segundo casamento, com Shirley Ann Griffin em 1982 (após o divórcio de Jeannette em 1980), trouxe algum apoio emocional, mas não freou o declínio.

Aos 41 anos, em 10 de setembro de 1983 (algumas fontes citam 4 de setembro), Minnoch faleceu de parada cardíaca, com falência respiratória e doença pulmonar restritiva como fatores contribuintes. Na época da morte, pesava cerca de 362 kg, e seu atestado de óbito listou a obesidade como complicação agravante.

Seu funeral foi igualmente impressionante: o caixão de madeira compensada de 1,9 cm de espessura, forrado de pano, ocupou dois lotes no Cemitério Mount Pleasant, em Seattle, e exigiu 11 homens para ser transportado.

A história de Jon Brower Minnoch vai além dos números impressionantes; ela ilustra os limites do corpo humano e os desafios da obesidade mórbida em uma era sem os avanços médicos atuais, como cirurgias bariátricas modernas ou terapias genéticas.

Seu caso permitiu que médicos estudassem os efeitos da obesidade classe III (IMC acima de 40), incluindo o impacto no coração, pulmões e sistema circulatório.

Hoje, serve como lembrete sobre a importância da prevenção precoce, do suporte psicológico para distúrbios alimentares e da empatia em vez de sensacionalismo.

Apesar da tragédia, Minnoch é lembrado não só como um recorde, mas como um pai, marido e empreendedor que, contra todas as probabilidades, viveu com dignidade por mais tempo do que muitos esperavam.

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