Contradições
Cada
vez mais, sinto desconfiança em relação àqueles que leem a Bíblia e aceitam
suas palavras como verdade absoluta. É difícil para mim acreditar que tudo o
que está escrito ali seja literal ou infalível.
Por
exemplo, em Gênesis 1:26-27, lemos: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre
as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil
que se move sobre a terra. “E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus
o criou; homem e mulher.”
Essa
passagem sugere que o ser humano seria a imagem perfeita de Deus, dotado de uma
dignidade única e elevado acima de todas as criaturas. Mas como conciliar essa
ideia com a realidade que observamos?
Peguemos,
por exemplo, figuras como Kim Jong-un, o líder da Coreia do Norte, que governa
com mão de ferro, oprimindo seu povo em um regime totalitário.
Ele é
conhecido por suas ações cruéis, como o suposto assassinato de seu meio-irmão,
Kim Jong-nam, em 2017, com um agente nervoso em um aeroporto na Malásia, e
rumores de que ordenou a execução de um tio, Jang Song-thaek, em 2013, acusado
de traição.
Além
disso, sua obsessão por poder militar, com testes de mísseis balísticos e
ameaças de guerra nuclear, coloca o mundo em constante tensão, desafiando a
estabilidade global.
Em
2025, a Coreia do Norte continua a intensificar suas provocações, com relatos
de lançamentos de mísseis que violam resoluções da ONU, aumentando o risco de
um conflito devastador.
Pode
alguém assim, responsável por tanto sofrimento e destruição, ser considerado
“imagem e semelhança” de um Deus perfeito? Essa contradição me faz questionar a
interpretação literal de tais textos.
Outro
ponto que me intriga é a passagem em Mateus 10:34, onde Jesus diz: “Não penseis
que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada.”
Como
reconciliar isso com o título de “Príncipe da Paz” dado a ele em Isaías 9:6? À
primeira vista, parece um estímulo à violência, uma contradição com a mensagem
de amor e perdão associada a Jesus.
No
entanto, ao analisar o contexto, alguns teólogos argumentam que a “espada” aqui
é metafórica, representando divisão e conflito espiritual, não violência
física.
Jesus
estaria alertando que sua mensagem desafiaria estruturas de poder, tradições e
valores, causando rupturas até mesmo entre famílias. Ainda assim, passagens
como essa, se mal interpretadas, podem ser usadas para justificar violência,
como vimos em episódios históricos como as Cruzadas ou a Inquisição, onde a
Bíblia foi invocada para legitimar atos brutais.
Essa
ambiguidade me leva a enxergar os ensinamentos bíblicos com cautela. Muitos dos
conflitos e divisões que marcaram a história - e que ainda vemos hoje, em 2025,
com tensões globais e polarizações religiosas - parecem ecoar essa “espada”
mencionada por Jesus.
A
Bíblia, para mim, não é um manual de instruções infalível, mas um conjunto de
textos antigos, escritos em contextos específicos, que refletem tanto
aspirações espirituais quanto as limitações humanas de suas épocas.
Interpretá-la exige discernimento, e não uma aceitação cega, especialmente quando confrontada com a complexidade do mundo atual.
Comentários
Postar um comentário