Begich Towers – Um Prédio Cidade
No sul do Alasca existe uma
comunidade que desafia o imaginário e parece saída de um romance futurista ou
de uma experiência social planejada. Em Whittier, quase toda a população vive
sob o mesmo teto: cerca de 272 pessoas compartilham um edifício imenso chamado Begich
Towers, uma construção que, à primeira vista, pode parecer apenas um prédio
comum, mas que na prática funciona como uma verdadeira cidade vertical.
Dentro do prédio há
praticamente tudo o que os moradores precisam para o dia a dia: escola, mercado,
lavanderia, posto de saúde, correio, delegacia, restaurante e até uma igreja.
Essa organização permite
que grande parte da vida da comunidade aconteça sem a necessidade de sair do
edifício. Essa característica é essencial durante os rigorosos invernos do
Alasca, quando a neve intensa, acompanhada de temperaturas que podem facilmente
chegar a -20 °C, transforma até mesmo uma simples caminhada pela rua em um
desafio.
A história de Whittier
remonta à Segunda Guerra Mundial, quando a região foi escolhida pelos militares
norte-americanos como um ponto estratégico para operações navais.
O local, isolado e de
difícil acesso, era ideal para proteger navios e tropas. O Begich Towers foi
construído na década de 1950 justamente com essa finalidade militar: abrigar soldados
e servir como estrutura de apoio.
Com o passar do tempo, após
o fim das operações militares, a construção foi adaptada e passou a abrigar os
civis que decidiram permanecer na região. Hoje, Whittier é acessível apenas por
barco, avião ou por um túnel estreito de quase 4 quilômetros, que corta a
montanha e é compartilhado por veículos e trens.
Esse isolamento reforça
ainda mais a sensação de que a comunidade vive em um mundo próprio. O modelo
inusitado transforma o edifício em uma espécie de laboratório social.
Os vizinhos compartilham
não apenas corredores e elevadores, mas também boa parte da rotina diária, o
que gera um forte senso de comunidade. Ao mesmo tempo, essa proximidade
constante pode criar desafios de convivência, já que a privacidade é limitada.
Ainda assim, para muitos
moradores, a segurança, a praticidade e a união que o lugar proporciona
compensam as dificuldades. Whittier, com seu edifício multifuncional, é mais do
que uma curiosidade geográfica: é um retrato singular de como os seres humanos
podem se adaptar a condições extremas, reinventando a ideia de cidade e de
coletividade.
Ali, no coração gelado do Alasca, um único prédio abriga não apenas famílias, mas também histórias, memórias e a prova viva de que a sobrevivência pode estar ligada, acima de tudo, à capacidade de viver em comunidade.
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