O Alcoolismo
Primeiro o homem toma a
bebida, depois a bebida toma o homem." Essa frase, um velho ditado
irlandês, serviu de inspiração para a escultura criada pelo artista Thomás
Lerooy. A obra, carregada de simbolismo, reflete de maneira visceral a batalha
interna que o ser humano enfrenta diante do alcoolismo.
Ela captura não apenas o
momento inicial de escolha, em que o indivíduo exerce controle sobre a bebida,
mas também a inversão trágica desse poder, quando o vício assume o comando,
arrastando a pessoa para um abismo de dependência e autodestruição.
A escultura de Lerooy,
com sua estética provavelmente crua e expressiva, parece materializar essa
dualidade: a sedução inicial do álcool, muitas vezes associada à convivialidade
ou ao escape, e os efeitos devastadores que se seguem - a perda de autonomia, o
desgaste físico e emocional, e o impacto nas relações humanas.
O ditado, por si só, já
carrega uma sabedoria melancólica, mas a arte de Lerooy eleva essa mensagem ao
transformá-la em algo tangível, que confronta o espectador com a fragilidade da
vontade humana diante de forças que, uma vez desencadeadas, tornam-se quase
incontroláveis.
Poderíamos acrescentar
que o alcoolismo, como tema, transcende o indivíduo e ecoa em questões sociais
mais amplas. Em muitas culturas, incluindo a irlandesa, o álcool ocupa um lugar
ambíguo: é ao mesmo tempo um símbolo de celebração e um catalisador de
tragédias silenciosas.
A obra de Lerooy,
portanto, não apenas ilustra um provérbio, mas convida à reflexão sobre como
escolhas aparentemente inofensivas podem se transformar em correntes que
aprisionam.
Talvez, ao observar a escultura, sejamos levados a questionar: em que ponto o homem percebe que perdeu o controle? E, mais importante, o que resta dele quando a bebida finalmente o consome?
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