Deixa-os viver
O tempo
não perdoa. Ele avançou sem pedir licença, transformando o vigor da juventude
na delicadeza da velhice. Aqueles que um dia foram fortes, que nos ergueram nos
braços, que nos ensinaram a caminhar e que foram nosso porto seguro, agora
precisam do nosso amparo.
E o que
lhes daremos em troca de tudo o que nos ofereceram? Pressa, impaciência,
descaso? Ou amor, paciência, compreensão e dignidade?
Deixa-os
falar e gravar
Os idosos
gostam de contar histórias. Muitas vezes, repetem-se como se fossem novas. E,
de fato, para eles, são sempre novos, porque cada vez que relembram, revivem
momentos especiais, expressam outra vez as emoções que um dia viveram na
plenitude.
Quantas
vezes, quando crianças, insistem em contar a mesma história ou mostrar o mesmo
desenho, esperando ser ouvidos com atenção? E quantas vezes eles nos ouviram,
sorrindo, valorizando cada detalhe? Então, agora, é a nossa vez de retribuir.
Deixe-os falar e conta com paciência. Deixa-os mergulhar em suas memórias, pois
muitas vezes é ali que realizam seus sonhos atuais.
Deixa-os
vencer
Quando
éramos pequenos, muitas vezes nos deixamos ganhar, porque sabíamos que, mais do
que a vitória, importava o incentivo. Agora, é a nossa vez de lhes dar pequenas
vitórias. Deixa-os acreditar que ainda são capazes, que ainda têm força para
tomar decisões, que suas opiniões ainda são importantes.
É um erro
infantilizar os idosos. Eles têm dificuldades físicas, podem esquecer algumas
coisas, mas continuam sendo adultos com histórias ricas, com experiências que
ainda não temos. Deixa-os sentir que sua presença é importante.
Deixa-os
conviver
O
envelhecimento não precisa ser sinônimo de solidão. Muitos idosos se sentem
isolados, mesmo cercados pela família. A falta de tempo, a correria da vida
moderna, a mudança das dinâmicas familiares faz com que eles se tornem
figurados.
Deixa-os
encontrar amigos, conversar, rir. Permite que você se aproxime dos netos, que
contem suas histórias, que compartilhem ou que aprendam. O isolamento emocional
mata aos poucos, sufoca o espírito, apaga a alegria de viver.
Deixa-os
viver entre as suas lembranças
Cada fotografia,
cada móvel, cada peça tem um significado. Representam momentos, pessoas,
memórias que, ao serem removidas, deixam lacunas irreparáveis. Respeita o
espaço deles, deixa que mantenham suas coisas por perto, pois não são apenas
objetos, são pedaços da vida que não devem ser arrumados desprezados.
Deixa-os
errar
Todos nós
erramos. Durante nossa infância e juventude, quantas vezes cometemos enganos?
Quantas vezes fomos impacientes, esquecidos, teimosos? E quantas vezes eles
tiveram amizade conosco?
O
envelhecimento traz limitações. Às vezes, esquecem-se de coisas simples, deixam
objetos fora do lugar, demoram a entender algo. Mas isso não significa que
devamos corrigi-los com aspereza ou impaciência. Eles foram pacientes conosco
quando aprendemos a falar, a andar, a nos expressar. Agora, é nossa vez de
retribuir.
Deixa-os
viver e ser felizes
Uma
velhice não deve ser um fardo. O último trecho da jornada deve ser vívido com
amor, dignidade e respeito. Eles já fizeram sua parte, já cuidaram, ensinaram,
trabalharam e se dedicaram a nós.
Agora,
precisamos de nós para garantir que seus dias sejam tranquilos, leves e cheios
de carinho. Se um dia eles nos deram a mão para darmos nossos primeiros passos,
hoje convidamos completar as nossas para que terminem sua caminhada com dignidade.
Deixa-os viver.
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