Você diz que me ama
Você
diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que
ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz
que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que
eu tenho medo, você também diz que me ama.
Dizer que ama a chuva, mas abrir um guarda-chuva
quando ela cai, é um lembrete de como o ser humano aprecia a beleza à
distância, sem se comprometer com o desconforto que ela pode trazer.
Assim também é com o sol, cuja luz e calor admiramos,
mas nos apressamos a evitar quando nos sentimos sobrecarregados. O vento,
símbolo de liberdade e movimento, é igualmente mantido afastado quando ameaça
nossa estabilidade.
Essas contradições refletem a complexidade do amor
humano. Amamos, mas nem sempre estamos dispostos a enfrentar as implicações
desse sentimento - os sacrifícios, os desafios e até as incertezas que ele
traz.
Amar verdadeiramente exige mais do que palavras; exige
entrega, aceitação e a coragem de enfrentar o que pode ser desconfortável.
A última frase, então, traz à tona uma insegurança
legítima: "Você diz que me ama, mas será que está disposto a
permanecer quando vierem as tempestades, os dias escaldantes e os ventos fortes
da vida?"
Este medo não é apenas de ser amado de forma
superficial, mas de que o amor oferecido seja condicional, dependente apenas
dos momentos convenientes.
No fundo, essa reflexão nos convida a revisitar o que
entendemos por amor. Será que estamos dispostos a abraçar a chuva, a nos expor
ao sol e a nos abrir ao vento, com tudo o que isso implica?
Amar, afinal, é uma escolha diária de aceitar o outro, mesmo quando as circunstâncias não são ideais.
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