O Homem de Bem e o Canalha


O homem de bem, em sua busca por agir corretamente, por vezes falha, e essa falha o pesa como uma sombra densa sobre a alma. Ele carrega a tristeza do erro, não por vaidade, mas porque seu coração é guiado por um desejo genuíno de fazer o que é justo.

Já o canalha, em sua essência desprovida de escrúpulos, nunca falha em seu intento de canalhice, pois para ele o fracasso não existe - cada ato vil é uma vitória em sua lógica distorcida. Enquanto o homem de bem se debate com a culpa e busca redenção, o canalha segue impávido, alheio a qualquer remorso ou arrependimento.

Para o canalha, a ideia de recuperação é uma quimera, um conceito que não encontra eco em sua mente. Seus crimes não são acidentes ou desvios, mas elos de uma corrente que ele forja com prazer e determinação.

Mal termina de cometer um delito, sua imaginação já está arquitetando o próximo, como um artesão obcecado por sua obra macabra. Assim, ele tece sua saga no crime, movido por uma ambição que não conhece limites nem freios morais.

Quando finalmente é pego, julgado e condenado, não se curva à justiça; ao contrário, proclama-se vítima, um injustiçado privado de ampla defesa, transformando sua punição em mais um capítulo de sua narrativa de autocomiseração.

Na prisão, o tempo não o transforma - apenas aguça seu apetite. Ao sair, retorna ao mundo não com a intenção de reparar, mas de repetir, e com ainda mais ousadia.

Os mesmos crimes ganham contornos mais ambiciosos, como se a experiência do castigo fosse apenas um tempero para sua audácia. E, em meio a tudo isso, o canalha se olha no espelho e, com uma convicção que beira o delírio, se vê como a alma mais honesta do mundo.

Essa autoproclamação não é apenas hipocrisia; é o reflexo de uma mente que reescreveu as regras da moralidade para se encaixar em sua própria conveniência.

Esse contraste entre o homem de bem e o canalha revela uma verdade incômoda: a virtude é frágil e exige esforço constante, enquanto a maldade, em sua simplicidade perversa, prospera na ausência de reflexão.

O homem de bem pode tropeçar e até cair, mas é na sua capacidade de sentir a dor do erro que reside sua humanidade. O canalha, por outro lado, é uma máquina de repetição, um ser que transforma a vida em um ciclo de destruição sem fim, incapaz de enxergar além do próprio ego.

Talvez seja essa a maior tragédia: enquanto o primeiro luta para ser luz, o segundo se compraz nas trevas, sem jamais questionar o custo de sua existência.

Como dizia Alkmin desafinadamente em uma plateia de comunistas: Viva Lula... 

Francisco Silva Sousa

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