Sistema Bancário
Certa vez, li uma frase que dizia: “O banco é uma instituição
que lhe emprestará dinheiro se você conseguir provar que não precisa de
dinheiro.” E outra, ainda mais incisiva: “O banco é uma instituição que lhe dá
um guarda-chuva quando faz sol e o toma de volta quando começa a chover.”
Essas duas sentenças, carregadas de ironia, capturam
uma verdade incômoda sobre o funcionamento das instituições bancárias. Elas
prosperam manipulando o dinheiro dos outros, num jogo de interesses onde o
cliente comum parece sempre estar em desvantagem.
Os bancos sobrevivem – e lucram exorbitantemente –
utilizando os recursos que depositamos neles. Cobram juros altíssimos quando
nos emprestam, mas oferecem retornos irrisórios quando somos nós que deixamos o
dinheiro em suas mãos.
O desequilíbrio é evidente: enquanto o crédito se
torna um peso para o consumidor, as instituições financeiras seguem acumulando
fortunas. Ainda assim, quando uma dessas instituições enfrenta a falência, algo
curioso acontece: os governos, com o dinheiro dos contribuintes – ou seja, o
nosso dinheiro –, correm para salvá-las.
No Brasil, já testemunhamos várias operações desse
tipo, como os socorros financeiros a bancos em crises passadas, incluindo o
caso do Banco Econômico nos anos 1990 e as intervenções do Banco Central em
outras instituições.
O argumento é sempre o mesmo: evitar um colapso
econômico sistêmico. Mas fica a dúvida: por que o cidadão comum, que já paga
caro pelos serviços bancários, deve arcar com o prejuízo de uma má gestão que
não foi ele quem causou?
A pergunta que não quer calar é: como um banco vai à
falência? Teoricamente, eles operam em um sistema onde não perdem nada para
ninguém.
Ganham com os juros dos empréstimos, lucram com taxas
de serviço muitas vezes abusivas e, mesmo quando investem mal, parecem ter uma
rede de proteção garantida pelo poder público.
Talvez a resposta esteja na ganância desenfreada ou na
especulação arriscada, como vimos na crise financeira global de 2008, quando
bancos ao redor do mundo apostaram em ativos podres e, mesmo assim, foram
resgatados.
A lógica parece ser simples: os grandes não caem, pois
há sempre um mecanismo pronto para amortecer suas perdas. Já os pequenos – os
trabalhadores, os poupadores – ficam à mercê da instabilidade financeira.
Vale refletir: se os bancos são tão essenciais para a
economia, por que não há um modelo mais justo? Talvez um sistema onde os lucros
exorbitantes sejam redistribuídos de forma mais equitativa ou onde os riscos
não recaiam sempre sobre os ombros dos mesmos.
Medidas como regulação mais rigorosa, transparência
nas operações e a criação de alternativas financeiras mais democráticas
poderiam mitigar essa desigualdade.
Até lá, continuaremos nesse paradoxo, pegando guarda-chuvas emprestados em dias de sol e ficando desprotegidos quando a tempestade chegar.
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