Sobrevivência


 

Quando achar que não vai dar conta, pare por um instante e olhe para trás. Lembre-se: você já sobreviveu à dias que jurava serem o fim. Já enfrentou noites longas, em que o silêncio gritava mais alto que qualquer voz, ecoando dúvidas, medos e incertezas. E, ainda assim, o sol nasceu - como sempre nasce, mesmo quando você já não acreditava na manhã.

Você já chorou escondido, carregou o peso de batalhas invisíveis e lutou contra tempestades que só você conhecia. Mesmo exausto, mesmo com o coração apertado, encontrou forças para continuar quando qualquer outra pessoa teria parado. Há coragem nisso - uma coragem quieta, silenciosa, mas imensa.

A força que você carrega não veio dos momentos de calmaria, mas das vezes em que o chão sumiu sob seus pés e, ainda assim, você encontrou um jeito de se reerguer. Veio dos dias em que você segurou o mundo nas costas e dos momentos em que, mesmo sem acreditar em si, seguiu adiante por puro instinto de sobrevivência.

Cada cicatriz que marca sua alma - sejam as visíveis ou aquelas que só você sente - é um testemunho vivo de que, mesmo ferido, você nunca desistiu. São lembranças de quedas duras, de perdas que rasgaram seu peito, de despedidas que doeram como faca.

Mas também são marcas de recomeços - de manhãs em que você abriu os olhos e decidiu tentar mais uma vez, mesmo sem garantia de nada. Pense nos momentos em que a vida te testou: naquela perda que parecia insuportável, naquela porta que se fechou quando você mais precisava que ela permanecesse aberta, ou naquele dia em que tudo o que você pôde fazer foi respirar fundo e segurar as lágrimas para não desmoronar.

Pense nas vezes em que você acreditou que não ia dar certo - e ainda assim deu. Talvez não como você imaginava, mas de um jeito que acabou te fortalecendo. Você já enfrentou o fracasso, a rejeição, a solidão.

Já atravessou dias em que o mundo parecia grande demais e você, pequeno demais. E mesmo quando tudo parecia conspirar contra você, algo dentro de você - uma chama teimosa, uma voz quase inaudível - sussurrou: “Levanta. Tenta de novo.”

E você tentou. Tentou quando ninguém viu, quando ninguém reconheceu seu esforço, quando ninguém imaginou a luta que acontecia dentro de você. Tentou mesmo com os joelhos tremendo. Tentou mesmo com medo. Tentou porque, no fundo, sabia que permanecer parado doía mais do que seguir em frente.

Então, respire fundo agora. O que hoje parece um obstáculo intransponível, amanhã será apenas mais uma história de superação entre tantas outras que você já coleciona.

A tempestade sempre parece eterna enquanto estamos no centro dela, com os ventos uivando e o céu desabando sobre a cabeça. Mas nenhuma tempestade dura para sempre. O céu clareia, o vento se acalma, e você descobre que, mesmo encharcado, ainda está inteiro.

Você não precisa conquistar o mundo hoje. Não precisa ter todas as respostas nem resolver todos os problemas de uma vez. Às vezes, a maior vitória é simplesmente dar mais um passo - pequeno, incerto, lento. Mas um passo. Cada passo, por menor que pareça, é uma prova de que você é maior do que seus medos, mais forte do que suas dúvidas.

E o tempo, esse velho amigo paciente, sempre se encarrega de ajustar o que parece fora do lugar. Ele traz clareza, cura as feridas mais profundas e revela que, no fim, tudo encontra um caminho. Às vezes não o caminho que você esperava, mas o caminho de que você precisava.

Então, confie. Não na ausência de problemas, mas na sua capacidade de enfrentá-los. Confie na força que você já demonstrou tantas vezes. Você já fez isso antes - enfrentou, caiu, levantou - e fará de novo. Porque sua história não é feita apenas de quedas, mas de todos os momentos em que você escolheu se levantar.

E essa escolha - esse ato silencioso de coragem - é o que faz de você quem você é: alguém que sobrevive, alguém que insiste, alguém que, apesar de tudo, sempre encontra um modo de seguir.

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