A escravatura humana
A
escravatura humana atingiu o seu ponto culminante na nossa época sob a forma do
trabalho assalariado, apresentado como "livre". Todos anseiam por um
emprego e um salário; sem eles, a sobrevivência torna-se impossível.
A
escravatura humana, longe de ter sido abolida, atingiu o seu ápice moderno na
forma do trabalho assalariado. O que outrora era grilhão de ferro agora é
contrato de trabalho, disfarçado de liberdade.
O
trabalhador "livre" vende sua força de trabalho diariamente, sob pena
de fome, despejo ou exclusão social - punições tão eficazes quanto o chicote.
Raízes
históricas:
No
século XIX, Marx já alertava: o proletário é "livre" para vender sua
força de trabalho... ou morrer de fome. Essa "liberdade" é uma
escravidão consentida, onde o medo da miséria substitui o capataz.
No
Brasil, a abolição formal da escravatura (1888) não libertou os ex-escravos: sem-terra,
educação ou direitos, foram empurrados para trabalhos precários, plantando a
semente do assalariamento compulsório.
Realidade
contemporânea (2025):
Uber,
iFood, Amazon: motoristas e entregadores trabalham 12-16h/dia, sem direitos
trabalhistas, sob algoritmos que punem pausas com desativação. São escravos
digitais, algemados por notas e metas.
Reforma
Trabalhista (2017) e PLs recentes (ex.: regulamentação de apps, 2024–2025)
prometem "flexibilidade", mas entregam uberização em massa: 40
milhões de brasileiros em trabalhos informais ou por app (IBGE, 2025).
Crise
econômica pós-pandemia: desemprego acima de 8% (2025), com subemprego em alta.
Quem recusa um "bico" é acusado de "preguiçoso" - o mesmo
estigma usado contra escravos fugidos.
A
escravidão salarial é mais eficiente que a antiga: não precisa de correntes,
apenas de contas a pagar. O trabalhador "livre" se vigia sozinho,
aterrorizado pelo desemprego. Enquanto houver quem lucre com a miséria alheia,
a abolição será apenas uma data no calendário.
"O escravo
antigo era propriedade; o moderno é inquilino da própria vida."

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