Para que servem os Conselhos de Classe?
Eu me
pergunto, e questiono diretamente os profissionais que integram os conselhos de
classe: qual é, de fato, a utilidade de ser filiado a essas entidades? Qual o
benefício concreto que elas oferecem aos seus associados, além de enviar
boletos de anuidade caros e obrigatórios?
É
paradoxal: você pode ser o profissional mais competente e qualificado do mundo,
mas, se não estiver devidamente registrado no conselho da sua categoria, seu
trabalho, por mais brilhante que seja, não é reconhecido oficialmente.
Isso
levanta uma questão séria: esses conselhos realmente existem para valorizar os
profissionais ou apenas para impor barreiras e controle? Na prática, o que se
vê é que muitos desses conselhos funcionam como verdadeiros cabides de emprego,
servindo mais aos interesses de seus diretores e das empresas ligadas a eles do
que aos filiados.
Tornam-se
vitrines de autopromoção, onde a prioridade parece ser manter uma estrutura
inchada e lucrativa, em vez de oferecer suporte real. Em um país como o Brasil,
onde as leis mudam constantemente - muitas vezes de forma confusa e sem aviso
prévio -, os conselhos poderiam, por exemplo, atuar como fontes confiáveis de
orientação, mantendo os profissionais atualizados sobre novas regulamentações
ou oferecendo treinamentos acessíveis.
Mas o
que acontece? Nada disso. Os filiados são deixados à própria sorte, obrigados a
buscar respostas no Google, a contratar assessorias jurídicas ou contábeis
caríssimas ou, pior, a arriscar-se em meio à burocracia sem qualquer apoio.
Na
minha visão, esses conselhos são uma espécie de sindicatos de luxo, com a
diferença de que possuem uma estrutura ainda mais complexa e opressiva. Além
dos conselhos regionais, que já cobram suas taxas e impõem suas regras, existe
o conselho federal, instalado na capital do país, muitas vezes alinhado aos
interesses dos poderosos.
Longe
de defender os profissionais, essas entidades parecem coniventes com os
governantes na criação de mais entraves burocráticos, dificultando a vida não
só de quem trabalha, mas também de quem depende desses serviços para tocar suas
atividades.
É um
ciclo vicioso: o profissional paga para ser fiscalizado, mas não recebe nada em
troca que justifique o custo. Sindicatos e conselhos de classe, no fim das
contas, representam um atraso.
São instituições
que, sob o pretexto de regulamentar e proteger, acabam se transformando em
máquinas de arrecadação, garantindo conforto e privilégios a seus dirigentes
enquanto os filiados seguem desamparados.
Pior
ainda, em muitos casos, esses conselhos se valem do poder de polícia que lhes é
conferido por lei para intimidar e punir, em vez de educar ou incentivar o
desenvolvimento profissional.
Será que não está na hora de repensar a existência e o propósito dessas entidades? Afinal, se elas não cumprem o papel de fortalecer a categoria que dizem representar, para que - ou para quem - elas realmente servem?
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