Os Mistérios da Morte


 

Este é um dos maiores mistérios existenciais. Não é por acaso que muitos de nós tememos a morte. A busca por respostas atravessa séculos e permeia diferentes filosofias e religiões.

Platão, por exemplo, nos apresenta uma perspectiva dualista: somos compostos por dois elementos, corpo e alma, e o mundo também se divide entre o sensível e o inteligível.

Para Platão, ao morrermos, nossa alma se liberta do corpo e passa a habitar o mundo das ideias, um reino eterno e perfeito. Nessa visão, a morte não é uma inimiga, mas uma aliada, uma amiga a ser reverenciada, pois é por meio dela que alcançamos a verdadeira liberdade.

Cristo, por outro lado, nos apresenta outra abordagem. No cristianismo, o ser humano não "possui" uma alma; ele é uma alma viva, composta pela junção de corpo (pó da terra) e fôlego de vida (espírito).

Quando alguém morre, o espírito (ou fôlego de vida) retorna a Deus, e o corpo volta ao pó, entrando em um estado de inexistência até a ressurreição prometida por Cristo.

A eternidade, segundo essa visão, não é algo automático, mas alcançada pela graça e salvação oferecidas por Jesus. É um presente divino, não conquistado por méritos humanos.

Aqui, a morte é vista como uma inimiga que separa temporariamente o ser humano de Deus, mas que será derrotada na consumação dos tempos. Já para o existencialismo, a morte é um fenômeno natural e inevitável, uma condição inerente à existência.

Se há vida, a morte faz parte do pacote. Para essa corrente de pensamento, o que importa não é o que vem depois, mas como vivemos o presente. Se a morte é inevitável, então o sentido da vida está em vivê-la da melhor maneira possível.

E depois da morte? Para os existencialistas, provavelmente não há nada. Após alguns anos, até mesmo nossas memórias podem desaparecer. Por isso, desperdiçar o presente esperando por algo incerto no além é, para eles, uma perda de tempo.

O paraíso e o inferno, nessa perspectiva, estão aqui, na vida que vivemos. Se vivemos bem, experimentamos o “camarote celeste”; se vivemos mal, enfrentamos as “profundezas infernais”.

Portanto, diferentes visões oferecem respostas únicas ao enigma da morte. Se há uma conclusão comum, é que o agora - este momento - é a única certeza que temos. Como viveremos esse instante?

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