A Evolução da Sociedade


 

Algum homem primitivo um dia inventou a faca, para cortar peles e alimentos. Eis o cientista.

Outro roubou seu invento e então o usou para matar. Eis o empresário.

Outro regularizou aquele roubo e os assassinatos. Eis o político.

Outro justificou a matança dizendo que era o desígnio de algum deus. Eis o religioso. (Francisco Saiz)

O texto apresentado de Francisco Saiz oferece uma reflexão incisiva sobre a evolução da sociedade humana e a maneira como diferentes figuras desempenham papéis essenciais na transformação e utilização das invenções para diversos fins.

Através de uma progressão cronológica, Saiz ilustra como uma ferramenta simples, como uma faca, que pode ser reinterpretada e utilizada de maneiras que refletem os interesses e as motivações de diferentes atores sociais.

Vamos analisar cada estrofe para compreender melhor a mensagem subjacente.

O Cientista: A Invenção e a Utilidade

"Algum homem primitivo um dia inventou a faca, para cortar peles e alimentos. Eis o cientista."

Aqui, a faca simboliza a inovação e a engenhosidade humana. O cientista, representando a busca pelo conhecimento e pela melhoria das condições de vida, desenvolve ferramentas para atender necessidades básicas, como a alimentação e a sobrevivência. Essa fase inicial destaca a intenção positiva e funcional da ciência e da tecnologia na sociedade.

O Empresário: A Apropriação e a Exploração

"Outro roubou seu inventário e então usou para matar. Eis o empresário."

Nesta estrofe, a faca é concordante e transformada para fins violentos. O empresário simboliza a figura que busca lucrar com as inovações, muitas vezes desconsiderando as consequências éticas e morais.

A transformação da faca de uma ferramenta de sobrevivência para um instrumento de morte reflete como o capitalismo e a busca pelo lucro podem corromper especificamente as invenções originais, levando a abusos e violência.

O Político: A Regularização e a Legitimização

"Outro regularizou aquele roubo e os assassinatos. Eis o político."

O político entra em cena para legalizar e institucionalizar as ações do empresário. Ele cria leis e normas que legitimam a utilização da ferramenta para fins que antes deveriam ser considerados ilícitos.

Essa estrofe ressalta como o poder político pode moldar a sociedade, definindo o que é aceitável e o que não é, muitas vezes protegendo interesses específicos e perpetuando desigualdades.

O Religioso: A Justificação e a Moralização

"Outro justificou a matança dizendo que era o desígnio de algum deus. Eis o religioso."

Finalmente, o religioso intervém para justificar moralmente as ações que antes eram questionáveis. Ao conceder a violência a um desígnio divino, ele oferece uma narrativa que legitima a acessível das práticas condicionais por políticos e empresários.

Isso demonstra como a religião pode ser utilizada para fortalecer estruturas de poder e manter a ordem social, muitas vezes à custa da ética e da humanidade.

Reflexões Finais

Francisco Saiz, através deste texto, critica a progressão da sociedade onde cada figura social (cientista, empresário, político e religioso) contribui para a transformação e, eventualmente, a particularidade original das inovações humanas.

Ele sugere que, embora a ciência possa trazer benefícios, sem uma ética sólida e uma reflexão moral, as invenções podem ser desviadas para propósitos destrutivos.

A crítica implícita é direcionada às estruturas de poder que, ao buscar lucro, poder e legitimidade, acabam por desvirtuar os avanços tecnológicos e científicos, resultando em consequências negativas para a sociedade como um todo.

Esse texto convida à reflexão sobre a responsabilidade ética de cada indivíduo e instituição na utilização de inovações, ressaltando a importância de uma abordagem equilibrada que considere não apenas os benefícios imediatos, mas também as implicações a longo prazo para a humanidade.

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