Jean Calas e as consequências da religião


 

Jean Calas foi um comerciante protestante de Toulouse, na França, que ficou tristemente famoso por seu julgamento e execução em 1762, um dos episódios mais marcantes de intolerância religiosa na história francesa.

O caso de Jean Calas está ligado à luta entre católicos e protestantes no país, que se agravou após a revogação do Edito de Nantes em 1685.

O caso de Jean Calas

Jean Calas era um hugenote (protestante calvinista) e foi acusado de ter assassinado seu próprio filho, Marc-Antoine Calas, para impedir que ele se convertesse ao catolicismo.

A acusação surgiu em um contexto de preconceito religioso intenso, no qual os protestantes eram vistos com desconfiança pelos católicos. A morte de Marc-Antoine, que aparentemente se suicidou, foi rapidamente interpretada como um assassinato por parte de seu pai devido à sua crença protestante.

Jean Calas sempre alegou sua inocência, sustentando que seu filho havia tirado a própria vida, algo vergonhoso na época, especialmente no contexto religioso. No entanto, em um julgamento permeado por preconceitos e falta de provas concretas, ele foi condenado à morte.

A "Cadeira de Ferro"

A execução de Jean Calas foi brutal. Ele foi condenado à morte por meio da Cadeira de Ferro, um instrumento de tortura medieval. Esse método consistia em amarrar a vítima a uma cadeira com pregos de ferro pontiagudos e, em seguida, desmembrá-la por meio de forças externas (como rodas giratórias) ou golpes, antes de ser estrangulado ou queimado na fogueira.

Jean Calas, após sofrer um longo processo de tortura para que confessasse um crime que alegava não ter cometido, foi finalmente executado em público.

O papel de Voltaire

O caso de Jean Calas chamou a atenção do filósofo iluminista Voltaire, que ficou indignado com o julgamento injusto e a execução cruel. Voltaire lançou uma campanha para reabilitar a memória de Jean Calas e para expor a intolerância religiosa que havia permeado o processo.

Ele escreveu um tratado intitulado "Tratado sobre a Tolerância" (1763), no qual denunciava a injustiça cometida e defendia a liberdade de religião e a tolerância entre diferentes credos.

Graças aos esforços de Voltaire, em 1765, o caso foi revisado, e Jean Calas foi oficialmente declarado inocente.

Esse episódio teve um impacto duradouro no movimento iluminista, na defesa dos direitos humanos e na crítica à intolerância religiosa, se tornando um símbolo da injustiça causada pelo fanatismo religioso.

Até onde ninguém possa imaginar está a crueldade humana em todos os sentidos. Sempre foi será dessa forma com ou sem religião. Alias, as maiores crueldades cometidas em todos os tempos, foi em nome da fé em um ser supremo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Albert Pierrepoint: O Lavador de Almas

Os Penhascos de Dover

Os judeus foram passivos durante o Holocausto?

Votos sem destinos

Choquequirao – Sítio Arqueológico

Mitos e Religiões

Magdalena Solís – A Sacerdotisa do Sangue

Um final de domingo melancólico

A Desvalorização da Ciência no Brasil

Dirlewanger o mais cruel general nazista da segunda guerra.