Por que os ateus sentem tanta raiva?
Por que os ateus sentem tanta raiva?
Eu
sinto raiva porque, em pleno século XXI, pessoas continuam morrendo de AIDS na
África e na América do Sul devido à influência da Igreja Católica, que, em nome
de dogmas, convenceu comunidades inteiras de que usar camisinha é um pecado que
"faz o bebê Jesus chorar".
Essa
postura não apenas ignora evidências científicas sobre prevenção, mas também
contribui diretamente para a propagação de uma doença que já devastou milhões
de vidas.
Em
regiões como a África Subsaariana, onde a prevalência de HIV/AIDS é altíssima,
a resistência à educação sexual e ao uso de preservativos, promovida por
líderes religiosos, é uma sentença de morte para muitos.
Eu
sinto raiva porque missionários, em nome de uma suposta "vontade
divina", orientam mulheres a se submeterem aos seus maridos, mesmo quando
esses homens as agridem física e emocionalmente, deixando-as à beira da morte.
Essa
submissão forçada, justificada por interpretações distorcidas de textos
religiosos, perpetua a violência doméstica e priva mulheres de sua autonomia e
dignidade.
Relatos
de organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch, mostram como
essa mentalidade ainda é disseminada em comunidades religiosas conservadoras,
onde a obediência cega é valorizada acima da segurança e do bem-estar.
Eu sinto
raiva porque pais e líderes religiosos aterrorizam crianças com histórias
vívidas e traumatizantes de um inferno repleto de fogo eterno e tortura, usadas
como ferramenta de controle psicológico.
Essas
narrativas não apenas geram medo e ansiedade, mas também sufocam a curiosidade
natural das crianças, impedindo-as de questionar ou explorar o mundo com
liberdade.
Estudos
psicológicos, como os conduzidos pela American Psychological Association,
apontam que tais práticas podem causar traumas de longa data, incluindo
transtornos de ansiedade e depressão.
Eu
sinto raiva porque, na cidade de Salt Lake, em Utah, cerca de 40% dos
adolescentes sem-teto são jovens LGBTQ+, muitos dos quais foram expulsos de
casa por seus pais mórmons, que priorizam dogmas religiosos acima do amor e da
proteção aos próprios filhos.
Essa
estatística, levantada por organizações como a Utah Homeless Youth Initiative,
revela uma hipocrisia cruel: enquanto pregam "valores familiares",
algumas comunidades religiosas abandonam seus jovens mais vulneráveis,
deixando-os expostos à violência, à fome e à marginalização.
Eu
sinto raiva - ou melhor, estou enfurecida - com os padres que abusam
sexualmente de crianças e têm a audácia de justificar seus crimes como
"vontade de Deus". Pior ainda, a Igreja Católica, durante décadas,
protegeu esses predadores, transferindo-os de paróquia em paróquia em vez de
denunciá-los às autoridades.
Escândalos
como os revelados pelo jornal The Boston Globe em 2002 expuseram um padrão
global de acobertamento, mostrando que a instituição priorizou sua reputação
acima da segurança de crianças inocentes. Essa traição é uma mancha indelével
na história da Igreja.
Eu
sinto raiva porque, no Brasil, uma menina de 9 anos, vítima de estupro, foi
submetida a mais sofrimento quando a Igreja Católica excomungou os médicos que
realizaram o aborto necessário para salvar sua vida e a família que autorizou o
procedimento.
Enquanto
isso, o homem que cometeu o estupro - um crime hediondo - não enfrentou nenhuma
punição eclesiástica. Esse caso, ocorrido em 2009 em Pernambuco, chocou o mundo
e expôs a insensibilidade de uma instituição que parece mais preocupada com
suas próprias regras do que com a justiça ou a compaixão.
Eu
sinto raiva porque líderes religiosos oportunistas exploram a fé e a confiança
das pessoas para roubar, manipular e lucrar. Eles usam a religião como uma
ferramenta para enganar, mentir, interferir ilegalmente em processos políticos
e obter vantagens econômicas e sexuais.
Casos
como os de televangelistas que acumulam fortunas enquanto seus seguidores vivem
na miséria, ou de seitas que exploram a vulnerabilidade de seus membros, são
exemplos gritantes dessa corrupção moral.
No
Brasil, investigações recentes, como as conduzidas pela Operação Lava Jato,
revelaram como algumas lideranças religiosas se envolveram em esquemas de
lavagem de dinheiro e manipulação política.
E,
acima de tudo, eu sinto raiva quando as pessoas, diante de tudo isso, ainda têm
a coragem de dizer que o ateísmo é perigoso, que sem religião não haveria base
para a moral ou a ética.
Como se
a moralidade dependesse de dogmas que justificam abusos, discriminações e
sofrimentos. A ética verdadeira nasce da empatia, da razão e do compromisso com
o bem-estar humano, não de textos antigos ou instituições que, repetidamente,
falham em proteger os mais vulneráveis.
Essa
raiva não é gratuita. Ela é um grito por justiça, por um mundo onde a razão e a
compaixão prevaleçam sobre a hipocrisia e o fanatismo. É a raiva de quem se
recusa a aceitar que a fé cega continue sendo usada como desculpa para tanto
sofrimento.
Trecho
inspirado na fala de Greta Christina na Skepticon de 2011, com acréscimos e
contextualizações.
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