Bertrand Russell em "Porque Eu Não Sou Cristão"


O medo do misterioso, da derrota e da morte moldou grande parte da experiência humana. Russell afirma que o medo é o pai da crueldade, e, por isso, não é surpreendente que a crueldade e a religião muitas vezes tenham caminhado juntas. Ambos unidos na base comum de medo.

Contudo, vivemos em um mundo onde começamos a compreender melhor o que antes era desconhecido. Graças à ciência, estamos aprendendo a dominar certos aspectos da realidade, enfrentando antigos dogmas e preconceitos que, por tanto tempo, limitaram o pensamento humano.

A ciência oferece um caminho para superarmos os medos que assombraram a humanidade por gerações. Ela nos ensina que não precisamos buscar apoio em aliados imaginários nos céus, mas sim confiar em nossa própria capacidade.

Russell defende que podemos aprender, tanto pela razão quanto pelo coração, a abandonar essa busca por mudanças milagrosas. Em vez de criar fantasias de ajuda divina, convém concentrar nossos esforços em melhorar o mundo em que vivemos.

A responsabilidade de transformar o planeta em um lugar mais justo, habitável e digno está em nossas mãos, e não em promessas religiosas que, durante séculos, muitas vezes revelaram mais para a opressão do que para a libertação.

Este apelo de Russell é um convite à maturidade intelectual e moral, demonstrando que o verdadeiro progresso humano reside na confiança em nós mesmos e na capacidade de agir coletivamente.

Russell identifica o medo como a raiz da crueldade humana, e, portanto, não é surpreendente que religião e crueldade tenham, historicamente, caminhado juntas. Ambos compartilham uma base comum: o medo que aprisiona e oprime, ao invés de libertar.

No entanto, ele se destaca que vivemos em um mundo onde, pouco a pouco, começamos a compreender melhor aquilo que antes era misterioso. Com o avanço da ciência, conseguimos desmistificar referências antes ao sobrenatural.

A ciência, conquistando espaço a duras penas contra dogmas antigos, oferece ferramentas não apenas para explicar a realidade. Russell argumenta que tanto a ciência quanto o amadurecimento emocional podem ensinar à humanidade o abandono à busca pelo apoio imaginário.

Não há necessidade de criar alianças celestiais ou de projetar esperanças em promessas divinas. Em vez disso, ele propõe que coloquemos nossa confiança em nós mesmos e em nossos prós.

O grande desafio, segundo Russell, é abandonar a dependência de ilusões religiosas e assumir a responsabilidade coletiva de transformar este mundo. Não precisamos esperar por uma recompensa celestial ou temer um castigo eterno; precisamos, sim, olhar para a realidade que nos cerca e agir para torná-la mais justa, habitável e digna.

Russell oferece, assim, um apelo à maturidade intelectual e moral: é possível viver sem medo, guiado pelo conhecimento, pela razão e pelo potencial humano de construir um futuro melhor.

O progresso genuíno não veio das tendências que, durante séculos, muitas vezes perpetuaram o medo e a opressão, mas do compromisso de cada indivíduo em fazer deste mundo um lugar mais adequado para a vida em comunidade.

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