Conselho de Maria Sabina
Cure-se
com a luz do sol e os raios prateados da lua. Deixe que a claridade do dia
aqueça sua alma e que a suavidade da noite a embale. Ao som do rio que murmura segredos antigos e da cascata que canta a força da
vida, encontre paz.
Balance-se
com as ondas do mar, que carregam histórias de terras distantes, e ouça o sussurro dos pássaros, que trazem mensagens de liberdade. Cure-se com
o frescor da menta, a purificação do neem e o alívio do eucalipto.
Adoce
seus dias com o perfume da lavanda, a proteção do alecrim e a calma da
camomila. Aqueça seu coração com o abraço do cacau, polvilhado com uma pitada
de canela, e deixe que o amor seja o ingrediente principal do seu chá, substituindo
o açúcar enquanto você contempla as estrelas.
Receba
os beijos leves do vento, que acaricia sua pele, e os abraços generosos da
chuva, que lava suas dores. Fortaleça-se com os pés descalços na terra,
conectando-se à energia que pulsa no chão, e honre tudo o que a natureza
oferece com gratidão.
Torne-se
mais sábio escutando a voz da sua intuição, observando o mundo com a clareza da
mente e a abertura do coração. Pule com alegria, dance com coragem, cante com a
alma, e viva cada dia com a leveza de quem sabe que a felicidade é um presente.
Cure-se com amor puro, com gestos gentis, com a beleza que existe em você. Lembre-se sempre: você é o remédio, a força que transforma, a luz que ilumina. Conselho de María Sabina, curandeira e poetisa mexicana, cuja sabedoria atravessou gerações.
Quem foi María Sabina
María
Sabina (1894–1985) foi uma xamã mazateca nascida em Huautla de Jiménez, Oaxaca,
México. Ela se tornou uma figura icônica por sua profunda conexão com a
natureza e os rituais sagrados envolvendo os niños santos (cogumelos
alucinógenos, conhecidos como psilocibina).
Suas
cerimônias, chamadas veladas, eram conduzidas à noite, sob a luz da lua, com
cânticos, orações e uma comunhão espiritual que buscava cura física, emocional
e espiritual.
Seus
ensinamentos, como o texto acima, refletem a cosmovisão mazateca, que vê a
natureza como uma aliada na jornada de autoconhecimento e equilíbrio. María
Sabina acreditava que a cura vinha de dentro, mas era potencializada pelos
elementos naturais: plantas, água, vento, terra e astros. Sua poesia, muitas
vezes improvisada durante as veladas, era carregada de metáforas que uniam o
corpo humano ao cosmos.
Acontecimentos e Legado
Na
década de 1950, María Sabina ganhou atenção internacional quando o etnobotânico
R. Gordon Wasson participou de uma de suas cerimônias e publicou suas
experiências na revista Life.
Isso
trouxe curiosos, pesquisadores e figuras do movimento contracultural, como Bob
Dylan e John Lennon, a Huautla. Contudo, a exposição também gerou consequências
negativas: sua comunidade sofreu com a exploração de suas tradições, e María
enfrentou preconceito e marginalização.
Apesar
disso, ela nunca abandonou sua missão de curar e ensinar. Seu legado perdura na
valorização da medicina tradicional indígena e na luta pela preservação da
cultura mazateca.
Hoje, María Sabina é celebrada como uma guardiã da sabedoria ancestral, e seus conselhos, como os expressos no texto, inspiram pessoas no mundo todo a buscar harmonia com a natureza e consigo mesmas.
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