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Para que servem os Conselhos de Classe?

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  Eu me pergunto, e questiono diretamente os profissionais que integram os conselhos de classe: qual é, de fato, a utilidade de ser filiado a essas entidades? Qual o benefício concreto que elas oferecem aos seus associados, além de enviar boletos de anuidade caros e obrigatórios? É paradoxal: você pode ser o profissional mais competente e qualificado do mundo, mas, se não estiver devidamente registrado no conselho da sua categoria, seu trabalho, por mais brilhante que seja, não é reconhecido oficialmente. Isso levanta uma questão séria: esses conselhos realmente existem para valorizar os profissionais ou apenas para impor barreiras e controle? Na prática, o que se vê é que muitos desses conselhos funcionam como verdadeiros cabides de emprego, servindo mais aos interesses de seus diretores e das empresas ligadas a eles do que aos filiados. Tornam-se vitrines de autopromoção, onde a prioridade parece ser manter uma estrutura inchada e lucrativa, em vez de oferecer suporte real....

Federico García Lorca

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  Em 19 de agosto de 1936, o renomado poeta espanhol Federico García Lorca foi brutalmente fuzilado por forças franquistas nas proximidades de Granada, no sul da Espanha. Este trágico evento ocorreu em um momento de extrema tensão política no país, menos de um mês antes da eclosão oficial da Guerra Civil Espanhola, em julho daquele ano. O conflito, que marcaria profundamente a história da Espanha, colocou em lados opostos o exército liderado pelo general fascista Francisco Franco e as forças leais ao governo republicano, democraticamente eleito. Lorca, aos 37 anos, tornou-se uma das primeiras vítimas célebres dessa guerra fratricida, pagando com a vida por suas ideias progressistas, seu engajamento em defesa dos mais desfavorecidos e sua homossexualidade - aspectos que o tornaram um alvo dos setores conservadores e autoritários da sociedade espanhola da época. Federico García Lorca não era apenas um poeta, mas uma figura central do renascimento cultural espanhol no início d...

Somos pó das Estrelas

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  Uma fotógrafa mexicana, movida por uma mistura de luto e curiosidade, olhou através da lente de um microscópio para as cinzas de seu pai e descobriu um microcosmo fascinante. Em fevereiro de 2012, apenas duas semanas após a morte de seu pai, Gabriela Reyes Fuchs sentiu um impulso irresistível de explorar o que restava dele. No meio da dor, decidiu buscar algo mais profundo, algo que transcendesse a simples ausência. Para sua surpresa, o que encontrou foram fragmentos brilhantes, reminiscentes de galáxias, como se o universo inteiro estivesse contido naquelas partículas. Era um presente inesperado, uma revelação oferecida pela ciência em um momento de vulnerabilidade. Aquele vislumbre de um microcosmo nas cinzas paternas tornou-se uma fonte de inspiração para Gabriela. “Eu precisava provar algo para mim mesma”, declarou a jovem fotógrafa. Determinada, ela buscou permissão da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) para utilizar um de seus microscópios especializados,...

A noite de núpcias pública nos casamentos medievais

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  Os casamentos na Idade Média pouco se assemelham às celebrações que conhecemos hoje. Diferentemente do romantismo moderno, as uniões da época eram, em sua essência, contratos pragmáticos. A idade típica dos noivos marcava a transição entre o fim da infância e o início da adolescência, geralmente entre 12 e 15 anos, refletindo uma sociedade onde a expectativa de vida era mais curta e as responsabilidades adultas chegavam cedo. O amor raramente era o fundamento dessas alianças; em vez disso, elas eram forjadas por interesses estratégicos, como a junção de terras, o fortalecimento de laços políticos ou a garantia de maior segurança social para as famílias envolvidas. Um dos aspectos mais curiosos - e, para os padrões atuais, surpreendentes - era a noite de núpcias, que distava muito de ser um momento íntimo. Após a cerimônia, amigos e familiares conduziam os noivos ao leito nupcial em um ritual conhecido como "levar à cama". Não se tratava apenas de uma escolta simbóli...

Criar problemas e depois oferecer soluções

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  Esse método, conhecido como “problema-reação-solução”, é uma estratégia em que se provoca deliberadamente um problema ou uma “situação” planejada para gerar uma reação específica no público. O objetivo é manipular a opinião popular de modo que as pessoas, sem perceber, passem a exigir as medidas que os responsáveis pelo problema já desejavam implementar desde o início. Por exemplo, pode-se permitir que a violência urbana cresça descontroladamente ou até mesmo orquestrar atentados violentos e impactantes. Com isso, a população, movida pelo medo e pela insegurança, clama por leis de segurança mais rígidas e políticas que, na prática, restringem liberdades individuais. Outro caso comum é a criação de uma crise econômica artificial, apresentada como inevitável, para justificar o enfraquecimento de direitos sociais, o corte de serviços públicos essenciais e a aceitação de reformas impopulares como um “mal necessário”. Qualquer semelhança com a realidade atual do Brasil, marc...

Cidadãos x Políticos

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  Certo dia, um florista foi ao barbeiro para cortar o cabelo. Após o corte, perguntou quanto custava o serviço. O barbeiro, com um sorriso gentil, respondeu: - Não posso aceitar seu dinheiro, pois esta semana estou prestando serviço comunitário. O florista, surpreso e grato, agradeceu e foi embora. No dia seguinte, ao abrir a barbearia, o barbeiro encontrou um lindo buquê com uma dúzia de rosas na porta, acompanhado de uma nota de agradecimento escrita à mão pelo florista. Mais tarde, no mesmo dia, um padeiro apareceu para cortar o cabelo. Terminada a tarefa, ele tirou a carteira do bolso para pagar, mas o barbeiro repetiu: - Não posso aceitar seu dinheiro, estou prestando serviço comunitário esta semana. O padeiro, encantado com a generosidade, saiu sorrindo. Na manhã seguinte, ao chegar à barbearia, o barbeiro deparou-se com um cesto repleto de pães frescos e doces recém-casados, junto a uma nota de agradecimento do padeiro. No terceiro dia, foi a vez de um deputado visitar a ...

Mehran Karimi Nasseri o verdadeiro Viktor Navorski no filme O Terminal

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  No filme O Terminal, Tom Hanks dá vida a Viktor Navorski, um cidadão do fictício país Krakozhia que fica preso no Aeroporto Internacional John F. Kennedy, em Nova York, após um golpe de Estado em sua nação natal invalidar seu passaporte. Sem poder entrar nos Estados Unidos ou retornar ao seu país, Navorski se torna, essencialmente, um homem sem pátria. Ele então passa a viver no terminal do aeroporto, adaptando-se às circunstâncias com resiliência e criatividade. Embora a trama seja uma obra de ficção, ela se inspira, de maneira distante, na impressionante história real de Mehran Karimi Nasseri. Entre 1988 e 2006, Nasseri viveu no Terminal 1 do Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, França, por incríveis 18 anos. Iraniano de nascimento, ele alegava ter sido expulso de seu país natal e, ao chegar à Europa, não possuía documentos válidos para comprovar sua identidade ou obter asilo. Preso em um limbo jurídico internacional, Nasseri foi impedido de deixar o aeroporto e acabou ...

Keith Sapsford em queda livre

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  Keith Sapsford, um jovem australiano de apenas 14 anos, não sobreviveu a uma tentativa desesperada de realizar um sonho arriscado. Em fevereiro de 1970, no Aeroporto de Sydney, ele conseguiu se esconder no compartimento do trem de pouso de um avião da Japan Airlines, que tinha como destino Tóquio. Pouco após a decolagem, quando o compartimento se abriu para recolher as rodas, Keith caiu de uma altura aproximada de 60 metros, sofrendo uma queda fatal que resultou em sua morte instantânea. Mesmo que o adolescente não tivesse caído, suas chances de sobreviver ao voo seriam praticamente nulas. Os compartimentos de trem de pouso das aeronaves não são pressurizados nem aquecidos, o que significa que, durante o voo em grandes altitudes, ele enfrentaria temperaturas extremas, muitas vezes inferiores a -50°C, e uma severa falta de oxigênio. Além disso, a força do vento e a ausência de qualquer proteção tornariam a sobrevivência impossível. O caso de Keith Sapsford ficou marcado na h...

As Feridas do Homem

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  Fala-se muito sobre as feridas das mulheres, mas pouco se aborda as do masculino. No entanto, ele também está ferido. Há uma escassez de exemplos que permitam aos homens encarnar o que poderíamos chamar de "masculino sagrado". Em vez disso, o que se encontra são rótulos limitantes: machos, mulherengos, materialistas ou emocionalmente inválidos. Esses modelos impostos pela sociedade não conseguem mais abarcar a complexidade dos homens, que estão em transformação e já não se reconhecem nessas caricaturas. Os homens também são sensíveis. Eles buscam amor, ternura e um espaço de contenção, especialmente em um momento em que sentem a perda de seus pontos de referência tradicionais. Já não basta desempenhar o papel do forte, do insensível, do bruto, ou competir em uma corrida interminável por poder e status. Assim como as mulheres, os homens anseiam por encontrar sentido em suas vidas, por serem vistos e reconhecidos por quem realmente são. Querem se abrir para aquilo que...

O Alcoolismo

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  Primeiro o homem toma a bebida, depois a bebida toma o homem." Essa frase, um velho ditado irlandês, serviu de inspiração para a escultura criada pelo artista Thomás Lerooy. A obra, carregada de simbolismo, reflete de maneira visceral a batalha interna que o ser humano enfrenta diante do alcoolismo. Ela captura não apenas o momento inicial de escolha, em que o indivíduo exerce controle sobre a bebida, mas também a inversão trágica desse poder, quando o vício assume o comando, arrastando a pessoa para um abismo de dependência e autodestruição. A escultura de Lerooy, com sua estética provavelmente crua e expressiva, parece materializar essa dualidade: a sedução inicial do álcool, muitas vezes associada à convivialidade ou ao escape, e os efeitos devastadores que se seguem - a perda de autonomia, o desgaste físico e emocional, e o impacto nas relações humanas. O ditado, por si só, já carrega uma sabedoria melancólica, mas a arte de Lerooy eleva essa mensagem ao transformá-la ...