A violência atual no Brasil


 

"Antes ela executava criminosos, hoje os criminosos executam inocentes no meio da rua na presença de populares".

A violência atual no Brasil apresenta um contraste brutal com o passado da pena de morte, como sugerido na frase: "Antes ela executava criminosos, hoje os criminosos executam inocentes no meio da rua na presença de populares".

Se em 1876, com a última execução civil em Pilar, Alagoas, o Estado ainda exercia o monopólio da força para punir crimes com a forca, hoje a realidade é marcada por uma inversão perversa: a violência escapou das mãos das instituições e se espalhou pelas ruas, frequentemente perpetrada por criminosos que agem com uma ousadia que desafia a lei e a ordem pública.

Esse cenário reflete não apenas a ausência da pena capital, abolida para crimes civis desde o início da República, mas também as dificuldades crônicas do país em lidar com a criminalidade, a desigualdade e a fragilidade do sistema de justiça.

Em 2025, o Brasil continua entre os países mais violentos do mundo, mesmo sem guerras declaradas. Segundo dados recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registra dezenas de milhares de homicídios anuais - em 2022, por exemplo, foram mais de 47 mil, uma taxa de aproximadamente 22 mortes por 100 mil habitantes, muito acima da média global.

Esses números, embora tenham apresentado alguma redução em anos recentes devido a políticas específicas em certos estados, ainda expõem a gravidade do problema.

Diferente do enforcamento público de Francisco em 1876, que era um ato sancionado e assistido como espetáculo de controle social, as execuções atuais ocorrem de forma caótica e descontrolada: tiroteios em favelas, assassinatos por facções criminosas, linchamentos informais e até mortes em confrontos com a polícia, que muitas vezes ultrapassam os limites da legalidade.

Em cidades como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife, não é raro que populares presenciem tiroteios ou corpos deixados em vias públicas, uma banalização da morte que substituiu o caráter pedagógico das execuções do passado por um ciclo de medo e impotência.

O crime organizado, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho, desempenha um papel central nesse panorama. Essas facções não apenas controlam territórios inteiros, mas também impõem suas próprias "leis" e "tribunais", executando rivais, traidores ou até cidadãos comuns que cruzam suas regras.

Um exemplo marcante é a guerra entre facções que, em 2023, resultou em ondas de violência em estados como o Rio Grande do Norte, com ataques a ônibus e prédios públicos, deixando a população refém do caos.

Enquanto isso, a polícia, frequentemente mal equipada e sob pressão, responde com operações letais - em 2022, mais de 6 mil pessoas foram mortas por forças policiais, muitas em circunstâncias questionáveis, segundo o mesmo Fórum.

Essa violência bidirecional, entre criminosos e Estado, cria uma sensação de que a justiça formal foi substituída por uma guerra urbana sem fim. A raiz dessa violência está nas desigualdades históricas, na falta de acesso à educação e oportunidades, e na fragilidade institucional.

O Brasil, que já foi capaz de abolir a pena de morte como sinal de progresso humanitário, hoje enfrenta o desafio de conter uma criminalidade que não respeita fronteiras legais ou morais.

Os criminosos de hoje "executam" com uma liberdade que o Estado imperial jamais permitiria, enquanto os inocentes, muitas vezes moradores de periferias, pagam o preço mais alto.

Soluções passam por reformas profundas no sistema prisional, investimento em prevenção e uma abordagem que vá além da repressão, mas, enquanto isso, a violência segue como um espelho cruel das contradições de um país que deixou à forca para trás, mas ainda não encontrou paz nas ruas.

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