Dostoiévski e Maria


 

O renomado escritor e filósofo russo Fiódor Dostoiévski, em um momento de confissão íntima, escreveu à sua amada Maria: “Na rua onde você mora, há nove mulheres mais belas que você, sete mais altas, nove mais baixas e uma que jura me amar mais do que você. No trabalho, uma me oferece um sorriso diário, outra tenta me enredar em longas conversas, e a empregada do restaurante adoça meu chá com mel em vez de açúcar…, mas, ainda assim, é você quem eu amo.”

Maria, em resposta a essa declaração, revelou-se muito mais do que uma esposa. Tornou-se sua companheira fiel, seu refúgio em tempos de tormenta e a fortaleza que o sustentou nos dias mais sombrios.

Enfrentou com ele as crises de epilepsia, a penúria que os acompanhou por anos, suas ausências físicas e emocionais, e as densas sombras que o destino, impiedoso, projetou sobre suas vidas.

Ela permaneceu. E amou - não com a fragilidade de palavras passageiras, mas com a força silenciosa de quem escolhe ficar.

Anos mais tarde, quando a morte, inevitável, veio reclamá-la, Dostoiévski, com a voz embargada e o coração exposto, sussurrou-lhe uma última verdade: “Mesmo nos recantos mais secretos dos meus pensamentos, eu nunca te traí.”

O amor verdadeiro, como o deles, não se limita a juramentos solenes ou gestos grandiosos. Ele se constrói nas entrelinhas da alma, onde o tempo e as provações gravam suas eternidades.

É um laço que transcende as tentações fugazes e as imperfeições humanas, um testemunho de que, entre tantas possibilidades, a escolha de amar alguém - e somente alguém - pode ser a mais profunda expressão da liberdade.

Dostoiévski, com sua pena afiada e seu espírito inquieto, encontrou em Maria não apenas uma musa, mas o espelho de sua própria redenção.

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