História do Canal do Panamá – Primeiros Projetos
Imagem de satélite do istmo do Panamá
O registro mais antigo relacionado a um canal através
do istmo do Panamá data de 1534, quando Carlos V, Sacro Imperador Romano e Rei
da Espanha, ordenou um levantamento para explorar uma rota pelas Américas, a
fim de facilitar a viagem de navios entre a Espanha e o Peru.
Os espanhóis buscavam obter uma vantagem militar sobre
os portugueses. Em 1668, o médico e filósofo inglês Sir Thomas Browne
especulou, em sua obra enciclopédica Pseudodoxia Epidemica, que
"alguns istmos foram consumidos pelo mar e outros cortados pela pá: e, se
a política permitisse, o do Panamá, na América, seria o mais digno de
tentativa, pois sendo apenas algumas milhas de extensão, abriria um caminho
mais curto para as Índias Orientais e a China".
Em 1788, o estadunidense Thomas Jefferson, então
ministro na França, sugeriu que os espanhóis construíssem o canal, uma vez que
controlavam as colônias onde ele seria erguido. Ele argumentou que essa rota
seria menos perigosa para os navios do que a travessia pelo extremo sul da
América do Sul e que as correntes oceânicas tropicais iriam naturalmente
ampliar o canal após a sua construção. Entre 1788 e 1793, durante uma
expedição, Alessandro Malaspina elaborou planos para a construção de um canal.
A localização estratégica do Panamá e o potencial de
seu estreito istmo, separando dois grandes oceanos, estimularam diversas
tentativas de desenvolver rotas comerciais na região ao longo dos anos. Em
1698, o Reino da Escócia lançou o malfadado Esquema de Darién, um esforço para
estabelecer uma rota terrestre de comércio. Condições adversas inviabilizaram o
projeto, que foi abandonado em abril de 1700.
Em 1843, o Reino Unido tentou desenvolver um canal.
Segundo o New York Tribune, de 24 de agosto de 1843, o Banco Barings
de Londres firmou um contrato com a República de Nova Granada para a construção
de um canal através do istmo de Darién (atual istmo do Panamá), denominado
"Canal do Atlântico e Pacífico". O empreendimento era totalmente
britânico, com previsão de conclusão em cinco anos, mas nunca foi executado.
Simultaneamente, outras propostas surgiram, como a de
um canal ou ferrovia pelo istmo de Tehuantepec, no México, que também não foi
realizado.
Em 1846, o Tratado Mallarino-Bidlack, negociado entre
os Estados Unidos e Nova Granada, concedeu aos Estados Unidos direitos de
trânsito e intervenção militar no istmo. A descoberta de ouro na Califórnia, em
1848, renovou o interesse por uma ligação entre os oceanos Atlântico e
Pacífico.
William H. Aspinwall, que havia obtido um contrato
federal para operar os navios a vapor do correio do Pacífico, beneficiou-se
dessa descoberta. Sua rota incluía trechos de navio a vapor de Nova York ao
Panamá e do Panamá à Califórnia, com uma travessia terrestre pelo istmo. Essa
rota tornou-se a conexão mais rápida entre São Francisco, Califórnia, e as
cidades da Costa Leste, com um tempo total de viagem de cerca de 40 dias.
Praticamente todo o ouro enviado da Califórnia seguia
pela rota do Panamá. Logo, novos e maiores navios a vapor começaram a operar na
região, incluindo as linhas de propriedade do empresário americano Cornelius
Vanderbilt, que utilizavam uma rota terrestre pela Nicarágua.
Em 1850, os Estados Unidos iniciaram a construção da
Ferrovia do Panamá, concluída em 1855. Essa ligação terrestre tornou-se uma
peça vital da infraestrutura do hemisfério ocidental, facilitando o comércio. A
rota do canal, construída posteriormente, seguiu paralelamente à ferrovia, que
havia ajudado a desbravar as densas florestas da região.
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